quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Guia revela técnicas de manejo de seringueira para índios Rikbaktsa


Os índios Rikbaksta, que vivem na região noroeste de Mato Grosso são conhecidos pela sua defesa ambiental de seus territórios e pela extração de produtos não-madeireiros, como a castanha-do-Brasil e a seringa. No “Guia de Boas Práticas sobre o manejo da seringueira - Povo Rikbaktsa” são mostradas técnicas para aprimorar a extração de látex e melhorar a relação entre produção e conservação ambiental.

Desde 2003, uma parceria iniciada pelo Programa Integrado da Castanha – PIC, um projeto envolvendo a Secretaria de Estado de Meio Ambiente – SEMA em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD, busca alternativas ao desmatamento por meio do uso sustentável da floresta. Por meio da organização comunitária e da assessoria dos parceiros, os Rikbaktsa passam a obter preços mais justos na comercialização da castanha-do-Brasil.

De lá para cá, novos parceiros foram atraídos e com os projetos Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade e União dos Povos da Floresta para a proteção dos Rios Juruena e Aripuanã, os Rikbaktsa iniciam um diálogo com a empresa Michelin. É por meio dessas parcerias que o povo reabre antigas estradas de seringa e já na primeira safra obtém uma borracha de ótima qualidade.

Voltado para seringueiros, agentes ambientais e professores indígenas, este guia, na forma de um calendário, é uma ferramenta a mais para difundir as técnicas do manejo da seringa. O apoio a esta publicação vem do PNUD, SEMA, Fundação Nacional do Índio - FUNAI, Associação Indígena Rikbaktsa, Programa Petrobras Ambiental, Michelin e Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Aripuanã.

Para fazer o download do guia clique aqui.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Livro incentiva discussão sobre gestão das águas no ensino público


“Pacto das Águas” é o nome da cartilha elaborada pelo Sindicato de Trabalhadores Rurais de Aripuanã, por meio do Projeto União dos Povos da Floresta para as proteção dos rios Juruena e Aripuanã voltada a levar informações às escolas de ensino fundamental das comunidades que moram às margens desses rios. O material objetiva incentivar a discussão em relação à gestão das águas na região entre jovens indígenas, seringueiros e agricultores, para que possam pensar com as suas comunidades diferentes formas de cuidar das águas por meio da conservação da floresta em pé.


Com apoio do Programa Petrobras Ambiental, o livro trata da importância da água na vida das comunidades, os principais problemas relacionados aos seus usos e as leis e estratégias para que o povo da floresta participe na gestão dos recursos hídricos da região. Dividida em quatro capítulos, com ilustrações e exercícios é contado como o povo Rikbaktsa e os seringueiros se relacionam com as águas por meio de seus mitos, histórias e lendas, a importância da conservação da floresta para manutenção da qualidade da água e suas principais ameaças. Também é apresentado um panorama sobre as leis que regulamentam o uso dos recursos hídricos no nosso país. O livro se encerra mostrando iniciativas e experiências que as comunidades estão realizando para contribuírem na preservação de suas águas e florestas.

Livro sobre boas práticas em manejo de castanha chega a segunda edição


A melhoria de qualidade no manejo da castanha-do-Brasil pode trazer benefícios significativos para agricultores, seringueiros e povos indígenas. Na região noroeste de Mato Grosso, isso já é uma realidade, principalmente entre os índios Rikbaktsa e Zoró, os agriculutores do Vale do Amanhecer e os extrativistas da Reserva Guariba-Roosevelt.

Nesta segunda edição do livro “Boas práticas de coleta, armazenamento e comercialização da castanha-do-Brasil: Capacitação e intercâmbio de experiências entre os povos da Amazônia mato-grossense com manejo de produtos florestais não-madeireiros” são abordadas as técnicas e cuidados gerenciais que devem ser tomados para sua comercialização.

Produzida pelo Projeto de Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade das Florestas do Noroeste de Mato Grosso, desenvolvido pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente – SEMA, em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento - PNUD Brasil e com a Associação do Povo Indígena Zoró – APIZ, a publicação é o resultado de um longo caminho percorrido por povos indígenas, seringueiros e agricultores da região noroeste do Estado do Mato Grosso que combinaram seu conhecimento sobre o comportamento e ecologia da castanha-do-Brasil com o conhecimento especializado de técnicos dos campos da engenharia florestal, antropologia, ecologia, agronomia e economia.

A produção da publicação só foi possível graças ao apoio também do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Aripuanã, Fundação Nacional do Índio (FUNAI), a Coordenadoria de Agroextrativismo – Ministério do Meio Ambiente, Ministério do Desenvolvimento Agrário, o Programa Petrobras Ambiental e a empresa Ouro Verde. Esses esforços mostraram que é possível colocar em prática conhecimentos, habilidades e recursos a favor da melhoria da qualidade da castanha e uso sustentável da floresta.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Código Ambiental Ruralista

A Câmara dos Deputados instalou recentemente uma Comissão Especial criada para analisar as propostas de alteração do Código Florestal, incluindo o projeto de Lei de Código Ambiental de autoria do presidente da Frente Parlamentar Ruralista e que pretende revogar e alterar as principais leis ambientais brasileiras: lei de crimes ambientais, Código Florestal, lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação e lei da Política Nacional de Meio Ambiente.

O processo de instalação dessa Comissão, que levou a uma composição notoriamente tendenciosa, formada por maioria de membros da bancada ruralista e que, portanto, não representa a diversidade de setores da sociedade brasileira interessada na sustentabilidade do nosso desenvolvimento, aponta para intenções retrógradas de eliminar direitos e flexibilizar garantias socioambientais conquistadas ao longo dos últimos 21 anos de vigência da Constituição Federal brasileira de 1988.

Nos últimos meses o governo brasileiro e o Congresso Nacional tomaram decisões temerárias sobre a legislação ambiental. A revogação da legislação da década de 1990 que protegia as cavernas brasileiras; a aprovação da MP 458 que incentivou a grilagem de terras, a concentração fundiária e o avanço do desmatamento ilegal na Amazônia; a edição do Decreto 6848, que, ao estipular um teto para a compensação ambiental de grandes empreendimentos, contraria decisão do Supremo Tribunal Federal, que vincula o pagamento ao grau dos impactos ambientais.Além disso, o governo brasileiro tem negligenciado a política ambiental, mantendo paralisados na Casa Civil da Presidência da República várias propostas de criação de unidades de conservação.

As organizações da sociedade brasileira abaixo assinadas denunciam esse ataque à legislação ambiental. É inaceitável que às vésperas da reunião da Convenção de Clima, em Copenhague, momento em que o Brasil discute compromissos de redução do desmatamento, e das emissões de gases causadores do efeito estufa, o Congresso Nacional tente promover retrocessos na legislação ambiental.

Os compromissos de redução de desmatamento que o Brasil assumiu não serão alcançados e as áreas hoje ambientalmente comprometidas jamais serão recuperadas se o marco regulatório existente for desconfigurado, como propõe a Bancada Ruralista com a conivência e o apoio da base do Governo no Congresso Nacional.

Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento Sustentável - FBOMS
Grupo de Trabalho Amazônico - GTA
Rede de ONGs da Mata Atlântica - RMA
Fórum Carajás
Assembléia Permanente de Entidades em Defesa do Meio Ambiente do Estado do Rio de Janeiro - APEDEMA-RJ
Associação Alternativa Terrazul
Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida - APREMAVI
Associação de Proteção ao Meio Ambiente - APROMAC
Centro de Estudos Ambientais - CEA
Ecologia & Ação - ECOA
Fundação Vitória Amazônica - FVA
Greenpeace
Grupo Ambientalista da Bahia - GAMBA
Grupo de Defesa e promoção Socioambiental - GERMEN
Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor - IDEC
Instituto Centro Vida - ICV
Instituto de Estudos Socioeconômicos - INESC
Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola - IMAFLORA
Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia - IMAZON
Instituto Ipanema
Instituto Socioambiental
Instituto Socioambiental da Baía da Ilha Grande - ISABI
4 Cantos do Mundo
Mater Natura - Instituto de Estudos Ambientais
Movimento pela Despoluição, Conservação e Revitalização do Rio do Antônio - MODERA
Programa da Terra - PROTER
TNC
WWF Brasil

domingo, 18 de outubro de 2009

Desmatamento de agosto se concentra no eixo da BR-163

Estação Vida - Mato Grosso registrou 23 quilômetros quadrados de desmatamento em agosto deste ano, segundo dados do SAD (Sistema de Alerta de Desmatamento), do Imazon. Isso representa 8% do total registrado na Amazônia Legal, onde o Pará lidera a derrubada de floresta, sendo responsável por 76% do total verificado, 208 quilômetros quadrados. Em agosto, esse desmatamento ocorreu de maneira mais concentrada no eixo da BR-163, que vai da fronteira de Mato Grosso até Itaituba; na área de influência da rodovia Transamazônica, entre os municípios de Marabá e Uruará; e em São Félix do Xingu.

De acordo com Sérgio Guimarães, do ICV (Insituto Centro de Vida), 8% do total de desmatamento é uma boa notícia para Mato Grosso, que durante vários anos liderou o desmatamento na Amazônia, mas, ao mesmo tempo, alerta que há um aumento de quase 4 vezes se comparado com o mês de agosto de 2008 (6 quilômetros quadrados). “Também 186 quilômetros quadrados (40% do total) de degradação florestal em julho de 2009 é um motivo de alerta do que pode acontecer nos próximos meses”.

Dos 273 quilômetros quadrados de desmatamento detectados em agosto na Amazônia Legal, 48% está localizado em áreas protegidas. As Unidades de Conservação mais afetadas foram APA Estadual Triunfo do Xingu (na Terra do Meio), com 18,7 quilômetros quadrados desmatados, Floresta Nacional do Jamanxim (BR-163), com 4,2 quilômetros quadrados, e a Terra Indígena Apyterewa (na Terra do Meio), com 10 quilômetros quadrados, ambas localizadas no Pará.
O Imazon faz uma ressalva de que cerca de 46% (125 quilômetros quadrados) do desmatamento total verificado em agosto pode ter ocorrido em meses anteriores, pois estava situado em áreas cobertas por nuvens. Em agosto foi possível monitorar com o SAD a grande maioria (92%) da Amazônia Legal (excluindo-se o Maranhão).

Em função do lançamento de uma nova metodologia de validação, os dados de degradação florestal de agosto serão divulgados no próximo boletim.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Projeto Diálogos realiza seminário de encerramento.

[WWF-Brasil] - Provocar o diálogo entre os variados atores sociais da BR 163 foi um dos objetivos principais do Projeto Diálogos – Construindo Consenso no acesso aos recursos naturais da Amazônia Brasileira, encerrado durante seminário relizado em Brasília – DF, nos dias 14 e 15 de outubro. O projeto teve a duração de cinco anos e focou três eixos: ordenamento territorial por meio da criação de unidades de conservação, trabalhar a gestão florestal com conservação e uso sustentável e, por último, criar e fortalecer espaços de negociação.

Durante a abertura do Seminário Final do Projeto Diálogos os representantes do WWF-Brasil, Instituto Centro Vida (ICV), Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agronômica para o Desenvolvimento (Cirad), Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) e Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Brasília (CDS/UnB) saudaram os participantes e deixaram muitas provocações para animar as discussões ocorridas e as ações que virão como conseqüência do projeto.

O representante do Cirad, Erick Sabourin, um dos integrantes na abertura destacou a metodologia aplicada, suas principais ações, sustentada através do planejamento participativo e a definição de posturas para o futuro. Afirmou ainda que as experiências locais precisam ser valorizadas quando se pensar em novas ações. Ao longo das atividades ocorreu várias palestra, seguidas de debates entre os representadores dos diversos segmentos presentes. Todos os participantes do seminário mostraram disposição em continuar dialogando para construir uma sociedade melhor ao longo da BR 163.

Participaram mais de 70 lideranças do Pará e Mato Grosso, desde lideranças de trabalhadores rurais, proprietários, organizações não governamentais, a indústria madeireira, a academia e órgãos públicos. Durante os debates foram registrados os avanços ocorridos, identificados pormenorizadamente pelos expositores e participantes durante as palestras e debates.

O Projeto Diálogos, segundo vários expositores, apesar de ter sido finalizado, não se encerrará. Um de seus resultados mais importantes, será a sua continuidade, com a realização de inúmeros diálogos previstos entre os atores sociais que atuam ao longo da BR 163 ( Santarém – Cuiabá).
O Projeto Diálogos – Construindo Consenso no acesso aos recursos naturais da Amazônia Brasileira foi coordenado pelo WWF - Brasil e financiado pela Comunidade Econômica Européia.
Segue entrevista retirada do site do WWF-Brasil, onde representantes das entidades parceiras e alguns atores locais falam sobre o momento.

O que o Projeto Diálogos representou para as organizações parceiras:
Marcos Ximenes, coordenador do Projeto Diálogos no Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam):“Em uma região como a da BR-163, sem o menor sinal de diálogo, onde prevaleciam os interesses dos atores com maior poder econômico e político, o Projeto Diálogos foi essencial para a consolidação de espaços de negociação e do fortalecimento de atores sociais politicamente mais fracos”.

Fabiano Toni, coordenador do projeto Diálogos pelo Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Brasília (CDS/UnB):“O Projeto Diálogos consolidou parcerias do CDS com ONGs e organizações de base atuantes na BR-163. Isso foi fundamental para a realização de pesquisas de alunos e professores da UnB na região. O mais importante é que as parcerias terão continuidade mesmo após o fim do projeto”.

Eric Sabourin, coordenador técnico do Projeto Diálogos no Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agronômica para o Desenvolvimento (Cirad):“O principal resultado do Diálogos para o Cirad é a construção de laços com atores dos movimentos sociais, com o setor privado e com os desenvolvedores de políticas públicas. Ou seja, a construção de uma rede de parcerias que não irão se acabar com o projeto e continuarão trabalhando para o desenvolvimento sustentável da região”.

Sergio Guimarães , coordenador do Projeto Diálogos no Instituto Centro de Vida (ICV):“As atividades do Projeto Diálogos foram essenciais para o desenvolvimento do trabalho de interlocução política na região, tanto no diálogo com atores sociais locais como nacionais atuantes na região da BR-163. Não dá para dizer que o projeto vai acabar; suas atividades continuarão fazendo a diferença”.

Cláudio Maretti, coordenador do Projeto Diálogos no WWF-Brasil:“A promoção dos espaços de diálogos não é tradicionalmente o foco da atuação do WWF-Brasil, e ela foi justamente a grande contribuição do Projeto Diálogos à organização. Proporcionou uma oportunidade de ir além do usual e dar mais consistência às ações dos nossos projetos na Amazônia”.

O que o Projeto Diálogos representou para os atores locais da BR-163:
João Raimundo Almeida, articulador do Conselho de Desenvolvimento Territorial do Território do Baixo Amazonas, na região de influência da BR-163:“Para a gente, do Baixo Amazonas, o Projeto Diálogos contribuiu na capacitação das lideranças locais sobre o que são políticas públicas e qual a importância da questão ambiental. Agora a população tem maior clareza de que é preciso preservar a natureza e de que a visão de ter dinheiro a curto prazo pode ser perigosa”

Marcelo Haoski, secretário de Meio Ambiente do município de Apiacás, localizado no Território do Portal da Amazônia, região de influência da BR-163:“Em Apiacás, um dos frutos do Diálogos foi a parceria entre a Secretaria de Meio Ambiente e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), realizada a partir de um encontro promovido pelo projeto. Essa parceria está sendo essencial para a promoção do turismo na região e para o controle das atividades ilegais realizadas no entorno do município”.

Padre Arno Longo, coordenador do Fórum dos Movimentos Sociais da BR-163, morador de Itaituba, localizado no Território da BR-163, região de influência da rodovia:“Nos 7 municípios do Território da BR-163, o Diálogos realizou diversas oficinas que permitiram maior articulação entre a população do local e entre os movimentos sociais e setor empresarial. O maior benefício disto é poder trazer políticas públicas para a região e fazer com que o governo fique mais perto da gente”.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Nota das Ongs contra revogação da legislação ambiental brasileira

As organizações abaixo assinadas alertam à sociedade brasileira para a gravidade da proposta da bancada ruralista no Congresso Nacional (PLs 1876/99 e 5367/09) que tramita em comissão especial formada por maioria de parlamentares ligados ao agronegócio.

A proposta revoga ou modifica as principais Leis ambientais brasileiras, como o Código Florestal brasileiro, a Lei de Política Naci onal de Meio Ambiente, a Lei de Crimes e Infrações Contra o Meio Ambiente e a Lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação. Os principais instrumentos de gestão ambiental em vigor como a criação de unidades de conservação, as reservas florestais legais, as áreas de preservação permanente, o licenciamento ambiental, o Conselho Nacional de Meio Ambiente poderão ser revogados ou enfraquecidos para atender exclusivamente por encomenda setorial dos ruralistas.

Às vésperas de uma das mais importantes reuniões internacionais de todos os tempos (Conferência do Clima em Copenhague, em dezembro próximo), que tratará de mecanismos e compromissos com a redução de emissões de gases de efeito estufa, a bancada ruralista, com a conivência do governo federal, insiste em colocar em pauta e em ritmo acelerado propostas que põem em sério risco as principais leis brasileiras, em especial a que regulamenta o controle do desmatamento em todos os biomas brasileiros. Ressalte-se que o desmatamento é responsável por mais de 50% das emissões brasileiras.

As organizações abaixo assinadas pedem ao Presidente da República e ao Presidente da Câmara dos Deputados o empenho necessário para que os Projetos de Lei aqui referidos (PL 1876/99 e 5.367/09) sejam rejeitados, ou que, no mínimo, sejam objeto de amplo debate nacional e tramitem ordinariamente nas comissões temáticas pertinentes viabilizando assim a participação ativa e informada de todos os setores interessados no desenvolvimento sustentável no Brasil.

As principais leis ambientais brasileiras - Lei da Mata Atlântica, Lei de Gestão de Florestas Públicas, Lei de Crimes e Infrações Contra o Meio Ambiente, Lei do Sistema Nacional de Meio Ambiente, Lei de Gerenciamento de Recursos Hídricos, Lei de Informações Ambientais e Lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação - foram objeto de amplo debate no Congresso Nacional, sendo inadmissível que este governo permita modificações de leis tão imp ortantes para o desenvolvimento nacional sustentável sem um amplo e aberto debate nacional.

Brasília, 6 de outubro de 2009.

Associação Preserve a Amazônia, Apremavi, Amigos do Futuro, Conservação Internacional, Fundação SOS Mata Atlântica, Gambá – Grupo Ambientalista da Bahia, Greenpeace, Grupo de Trabalho Amazônico, Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), Instituto Socioambiental (ISA), Instituto de Pesquisas Ecológicas, Rede de ONGs da Mata Atlântica, SOS Pantanal, Sociedade Mundial de Proteção Animal (WSPA), WWF, Instituto Centro de Vida (ICV).

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Faculdade Indígena Intercultural em parceria com ONU e Editora Entrelinhas lança Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas


A Faculdade Indígena Intercultural, vinculada à Universidade do Estado de Mato Grosso, Unemat, lança em parceria com a Editora Entrelinhas e as Nações Unidas(ONU) a Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas, aprovada pela Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas em 13 de setembro de 2007, depois de 22 anos de discussão. O lançamento acontece no dia 06 de outubro, na abertura da Feira do Livro Indígena de Mato Grosso, na praça da República em Cuiabá.

A publicação( três mil exemplares) será distribuída gratuítamente, com prioridade aos diversos povos indígenas de Mato Grosso. Também receberão a publicação a sociedade civil organizada, demais órgãos governamentais municipais e do Estado, além de bibliotecas públicas e escolares no Estado de Mato Grosso.

Consideramos este documento de extrema importância para o Estado de Mato Grosso, onde hoje se localizam 71 Terras Indígenas (entre as homologadas, regularizadas, delimitadas, identificadas ou em estudo) além de 9 povos indígenas isolados na sua região Norte. São milhares de índios nas aldeias e muitos mais integrados entre os não-índios em todo o nosso extenso território – com todos os benefícios e dificuldades que esta integração cultural proporciona.
São por meio de seus artigos que indígenas e não-indígenas, vão tomar conhecimento dos propósitos e princípios da Carta das Nações Unidas sobre os direitos dos povos indígenas, afirmando a necessidade de serem respeitados na sua diferença. A Declaração trás em seu bojo, entre outros aspectos, a reafirmação da democracia dos direitos legais; a preocupação com as injustiças históricas; o reconhecimento de promover os direitos intrínsecos dos povos indígenas; a consolidação da organização política, social, econômica e cultural; o direito aos territórios e suas terras tradicionais; o reconhecimento às culturas e às práticas tradicionais indígenas; o direito à educação escolar específica e intercultural; o respeito aos direitos humanos e a autodeterminação.

A produção de livros de autores indígenas na Faculdade Indígena Intercultural- 24 livros já foram publicados

Os índios foram os primeiros habitantes do território brasileiro e, antes da chegada dos portugueses, eram em milhões, falavam mais de mil línguas e estavam espalhados por todas as regiões. Com o avanço dos não-índios, muitos foram mortos, escravizados, arrancados de suas terras, o que fez com que parte de sua cultura acabasse se perdendo. Uma cultura que é tão ou mais brasileira que qualquer outra e ainda assim é encarada como algo estranho, distante, às vezes sem relevância.

Atualmente, apesar da consciência da importância da preservação do que resta dessa cultura, as ações ainda são poucas diante do que há para ser feito. E uma das mais interessantes está aqui mesmo, em Mato Grosso. Atualmente a Faculdadse Indígena Intercultural(FFI) que já formou mais de 400 índios em diversas profissões já publicou 23 livros de autores indígrenas..No ano passado, a faculdade fez o lançamento de livros das Séries Experiências Didáticas e Práticas Interculturais dos índios Ikpeng.

O ineditismo desses livros é que são de autoria de professores e alunos indígenas de 34 etnias no estado. Os da série Experiências Didáticas são escritos nas línguas-mãe e utilizados nas salas de aulas nas aldeias indígenas. Já os da série Práticas Interculturais organizam e divulgam textos e ilustrações de professores e alunos indígenas que relatam seus mitos, conflitos, costumes e saberes na língua portuguesa.

Boa parte dos livros reúne textos que narram o modo de fazer roças, a culinária indígena e restrições alimentares, os problemas da luta pelos territórios indígenas e os marcadores do tempo, formas de observar o clima e regime de chuvas sempre através dos animais, das estrelas e os rios. As ilustrações foram produzidas pelos alunos e professores.
Só no anos passado foram quatro livros da Série Experiências Didáticas, de professores e alunos da etnia Ikpeng, situados hoje na parte central do Parque Indígena do Xingu, conhecido como Médio Xingu. Os livros: Irwa, Ga, Orong, Ikpeng Ungwopnole são de autoria dos professores Iokore Kawakum Ikpeng, Korotowi Taffarel, Maiuá Meg Poanpo Txicão e organizados pelos coordenadores da Faculdade Indígena, Elias Januário e Fernando Selleri Silva.

Elias ressalta, com orgulho, que a Faculdade indígena, ligada a Unemat é uma raras instituições do país que possui um programa que forma professores indígenas, além de desenvolver materiais didáticos que os auxiliam em seu trabalho, escritos em suas línguas. Todo o currículo é específico, intercultural, onde ele aprende sobre ambas, a sociedade indígena e a não-índia. A língua, lembra Elias, é muito importante para a identidade de um povo. Não dá para utilizar nas salas de aula indígenas livros que tragam uma visão distante, equivocada, que é o que marcava os livros didáticos até há pouco tempo.

As publicações da produção acadêmica gerada por professores e alunos abrem várias possibilidades tanto para as nações indígenas como para a sociedade brasileira criando um canal de comunicação que facilita o entendimento e a longo prazo pode derrubar preconceitos. "Ao dominarem a escrita, os indígenas passam a existir na historia do país mas agora a partir do conhecimento deles. E com esse instrumento podem também repassar aos mais jovens valorizando suas raízes. Ao mesmo tempo, ao aprenderem também a língua portuguesa todo esse conhecimento bem como as maneiras como eles vêem o mundo podem ser disponibilizadas aos não-índios. Esse processo é muito interessante porque pode facilitar o entendimento entre os povos já que não existem diferenças intelectuais, apenas culturais, no modo de interpretar a vida", analisa Elias.

O investimento nesse tipo de projeto ainda é pequeno, lamenta. As duas séries estão saindo graças a recursos da própria Unemat, mas seria interessante que se abrisse linhas de financiamento para esse tipo de publicação. Para ele, é preciso pensar nessa necessidade, na trajetória de luta deles, no impacto avassalador da chegada dos não-índios. "Eles merecem o direito de terem livros publicados com sua história e na própria língua", frisa.
Segundo Elias, a pretensão inicial é enviar os livros para todo o Mato Grosso. "A idéia é levar para as escolas essa possibilidade de rever a concepção sobre os índios, dialogar. A base é o diálogo entre as culturas", diz.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

GTA e FAO assinam Projeto sobre a BR 163

assessoria GTA - Foi realizada na tarde de 1° de outubro, nas dependências da FAO, em Brasília – DF, a assinatura do Projeto BR 163, entre a Rede GTA – Grupo de Trabalho Amazônico e a FAO – Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação.
O projeto, que terá a duração de dois anos, destinará R$2.163.750,000 para o GTA promover o fortalecimento da Sociedade Civil e Movimentos Sociais ao longo da rodovia BR 163 a Santarém - Cuiabá.

As ações previstas pelo projeto visão articular e provocar o fortalecimento das Organizações da Sociedade Civil, o Conselho pelo Desenvolvimento Sustentável da BR 163 - Condessa, consolidar um banco de dados sobre questões socioambientais, capacitar as lideranças locais e estabelecer o sistema de comunicação comunitária entre as entidades participantes. A capacitação das lideranças se dará nos seguintes temas: Direitos Humanos, Desenvolvimento Local e Políticas Públicas; Monitoramento e mediação de conflitos; Comunicação Comunitária e Inclusiva; e capacitação em planejamento participativo e a gestão compartilhada do território.

O presidente do GTA, Rubens Gomes, afirmou, durante o ato da assinatura, que “o Projeto BR 163 assegurará o fortalecimento da sociedade civil buscando garantir os direitos dos povos da floresta”. Ressaltou, ainda, que a execução das ações atenderá as necessidades de várias regionais e entidades de base da Rede GTA. Rubão concluiu sua fala afirmando que a formatação do projeto possibilitou um grande aprendizado para todas as partes envolvidas.

O representante da FAO no Brasil, José Tubino, destacou em sua fala o reconhecimento da organização ao trabalho desenvolvido pelo GTA, “uma organização séria e comprometida, que tem contribuído muito para melhorar as condições de vida das comunidades que representa, incentivando e criando condições para o desenvolvimento sustentável”.

O Coordenador Nacional do Departamento de articulações da Amazônia, do Ministério do Meio Ambiente – MMA, Pedro Bruzzi Lion, agradeceu aos representantes da FAO no Brasil, pois “a assinatura do projeto se dá em boa hora, diante das inúmeras dificuldades que as organizações da sociedade civil enfrentam para participar das atividades do Condessa”. Todas as falas ressaltaram a importância do projeto para elevar a qualidade de vida das comunidades da região da BR 163.

Durante o encontro para a assinatura do projeto, além do representante da FAO no Brasil, José Tubino, e do presidente do GTA, Rubens Gomes, também participaram representantes da CEE – Comunidade Econômica Européia, do MMA – Ministério do Meio Ambiente, do Serviço Florestal Brasileiro - SFB e do escritório nacional do GTA. As atividades previstas pelo projeto serão iniciadas imediatamente, especialmente, diante da aproximação do período chuvoso na região, quando parte considerável da rodovia fica intrasitável. O GTA estará chamando uma reunião, ainda em outubro, com as entidades que participarão das ações previstas no projeto.